Noah se aproxima de mim e pergunta: “Tia, você quer brincar comigo?”
Há dias em que eu simplesmente diria que estou ocupada. Há dias em que eu aceitaria o convite e brincaríamos de alguma coisa superficial, como lançar seus pequenos carrinhos pelo chão, numa espécie de corrida, e ver qual chegou mais longe.
Mas naquele dia eu senti a magia em sua voz.
Naquele dia eu sabia que ele estava realmente dizendo: “pronta para uma aventura?!”
Então respondi:“Sim, estou pronta, meu amigo!” -
Começamos com um simples jogo de encaixar peças.
O jogo contém vinte peças: dez delas possuem ilustrações coloridas e um espaço no meio para as outras dez peças, que representam os números de 1 a 10.
Eu amo esse jogo justamente por ele ser bem colorido e proporcionar bastante espaço para imaginação.
Jogamos normalmente. Aos 4 anos ele sabe muito bem todos aqueles números e rapidamente encaixou todas as peças. Fim de jogo.
Bem, num dia normal, fim de jogo. Mas hoje isso é apenas o começo.
A peça onde o número 1 está encaixado tem o formato de um lápis. Eu pergunto à Noah:
“o que você quer criar com este lápis?”
E então ambos desenhamos corações imaginários no chão. Obviamente, eles não são visíveis aos olhos. Mas podemos imaginá-los da maneira que escolhermos!
Eu pego a peça do número 7, onde estão ilustradas sete flores coloridas. Eu poderia perguntar a Noah quais são as cores das flores, mas, e que tal se pudéssemos sentir o cheiro?
De repente a sala está repleta de cheiro de morango, do perfume da mamãe, de almoço (ele que disse isso!) e outras coisas deliciosas que somente nós dois podemos sentir.
No número 8 temos interessantes conversas com 8 ursinhos fofinhos e a diversão realmente começa quando chegamos ao número 9!
A peça do número 9 representa uma caixa de lápis-de-cor, com um lindo desenho de grama, céu azul, sol e arco-íris.
Eu convido Noah para entrar comigo na ilustração e deitar na grama. Em segundos estamos deitados no chão da sala.
“Essa grama é bem fofinha, né?” - eu pergunto, para saber se estamos no mesmo lugar
“Sim” - ele responde baixinho, com os olhos um pouco assustados
Eu pego um dos lápis de cor e desenho uma borboleta. Então aparecem borboletas voando ao nosso redor.
Ele desenha outro sol, e agora temos 2 sóis nessa dimensão que acabamos de criar.
Ele desenha chuva, eu desenho flores e ele tem a brilhante ideia de criar um tornado.
De repente estamos voando em espiral. Da tranquilidade do campo somos levados violentamente a um lugar remoto e desconhecido, onde tudo está nublado e confuso.
Eu lhe digo que daquele ponto onde estamos eu já consigo ver o mar. Ele corre por quase um quilômetro em direção ao mar para tomar banho e se divertir com as ondas. Assim, acaba por criar luz naquele espaço.
Estamos em um flow, qualquer coisa que um de nós dois sentir vai magicamente aparecer na nossa dimensão e teremos que brincar com isso da maneira que pudermos.
Já brincamos assim diversas vezes: fomos pescar; fomos ao supermercado imaginário comprar iogurte e biscoitos; colhemos frutas, ele adora colher mirtilos… como é possível? Eu aposto que ele nunca comeu um mirtilo! Não é uma fruta comum no Brasil. Mas graças a ele eu comi infinitos mirtilos.
Uma vez até mesmo subimos num foguete e fomos a outro planeta, mas ao chegar lá ele não gostou muito, pediu pra voltar pra casa.
“Eu queria um planeta com pessoas e prédios” - ele disse.
Que desejo curioso! Mas foi assim que voltamos pra Terra.
O que eu mais gosto dessas brincadeiras é que não precisamos descrever muito, pensar muito, ou falar muito. Simplesmente tudo vem até nós - qualquer coisa que sentirmos! E nós dois estamos em uma conexão tão bonita, simples e verdadeira, que experienciamos juntos, nos divertimos e em nenhum momento duvidamos do que acabou de acontecer, é real e ponto final.
Quando terminamos, não é tipo: “que legal essa brincadeira, obrigada!”
É tipo: “Incrível! Eu nunca estive naquele planeta antes! Fantástico!”
É uma comunicação de Divino para Divino, de Criança para Criança, de Inocência pra Inocência. É raro encontrar este tipo de comunicação, até mesmo com crianças, pois elas também podem jogar jogos de poder, controle e alimentação energética.
Mas com meu querido Noah, simplesmente acontece.
Neste verão, além de viajar por dimensões, ele também pintou com aquarela pela primeira vez.
Eu podia sentir a alma dele em regozijo, conforme ele exclamava: “uau!” a cada nova cor que adicionava ao papel. Aquilo era tão novo e lindo para ele!
Eu lembrei da sensação que eu tive na primeira vez que vi a água correndo por dentro da forma de tinta: que bela dança!
E agora ele estava ali, na minha frente, com o pincel em mãos e os olhinhos brilhantes, criando a sua própria dança.
O que mais eu posso dizer?
Apenas agradecer, por tamanha benção, por tão linda criação.
Com amor, Liah'ah.
Divino❤️